Projetos de pesquisa vinculados

Conheça os projetos de pesquisa vinculados ao Observatório do Populismo. São projetos desenvolvidos pela nossa equipe de pesquisadores e pesquisadoras ou projetos com os quais o Observatório colabora no âmbito de parcerias diversas. 

Media, Populismo e Corrupção
Pesquisador Principal: Isabel Ferin Cunha | Co-pesquisador principal: Liziane Soares Guazina

Equipe:

Ana Cabrera (Universidade Nova de Lisboa, Portugal)
Bruno Araújo (Universidade Federal de Mato Grosso, Brasil)
Carla Martins (Entidade Reguladora para a Comunicação Social, Portugal)
Juliana Gagliardi (Universidade Federal Fluminense, Brasil)
Marc Blasco Duatis (Universitat de Girona, Espanha)
Marcelo Alves (Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro, Brasil)
Moreno Mancosu (Universitàt di Torino, Itália)

Financiado por

Apresentação

A Democracia é uma conquista quotidiana como mostra o avanço de regimes autoritários e populistas (Economist Intelligence Unit, 2020;  Freedom House, 2021). O projeto exploratório Media, Populismo e Corrupção (MPC) pretende contribuir para o reforço da Democracia e investigar a articulação entre media, populismo e corrupção, em Portugal (PT), no Brasil (BR) e na Itália (IT). 

O objetivo central é analisar as formas de comunicação política populista – baseadas em sentimentos antiestablishment, na simplificação de problemas sociais complexos e no antagonismo “nós versus eles”- nos media mainstream e nos media sociais, com ênfase no tema da corrupção. A grande ideia do projeto é analisar como o tema da corrupção é explorado como mecanismo de construção de estratégias de comunicação populista.

O problema de investigação é compreender como o processo de mediatização da corrupção se relaciona com a construção de discursos populistas de lideranças e movimentos, nos três países, e quais os desdobramentos dessas relações para a qualidade das respectivas democracias. De outro modo: de que maneira o tema da corrupção é utilizado na construção de estratégias de comunicação populista por políticos, por grupos partidários e pelos media, principalmente aquando da cobertura jornalística de eleições e outros atos de democracia. 

No contexto contemporâneo, a proliferação de múltiplas plataformas de comunicação em rede e de media digitais, a par da digitalização dos media mainstream, deram lugar a um ambiente informativo:i) intenso – em que se acelerou o fluxo de informação, ao mesmo tempo em que encurtaram os ciclos noticiosos; ii) extenso – em que se diversificaram formas de acesso à informação, independentemente da localização física dos sujeitos, potencializadas pelas comunicações móveis. 

Este ecossistema tem favorecido a emergência de fenómenos de comunicação e de atores populistas,  que mobilizam indivíduos e grupos para a construção de identidades político-ideológicas relacionadas à ideia de povo em oposição às instituições, utilizando para isso o tema da corrupção./Esta problemática é central para se debater o populismo como um fenômeno eminentemente comunicativo, que se estabelece no jogo de limites da liberdade de imprensa e expressão, na qualidade da informação e na quantidade de desinformação, impactando diretamente nas experiências de democracia e cidadania.

Urbinati (2019) afir­ma que o populismo pode ser entendido como uma política da parcialidade, onde o líder define, para si e para a sua ação política mobilizadora, qual é a parte boa, justa ou melhor do povo. O povo é somente aquela parte identifi­cada pelo líder como a “verdadeira” ou a merecedora de ser considerada como tal (Urbinati ,2019, p. 17). A democracia, paradoxalmente, para essas lideranças e seus seguidores, somente pode ser entendida dentro dos limites morais definidos por eles, excluindo todos os outros cidadãos que não compartilhem os seus valores. Assim, diz Urbinati, “a dinâmica do populismo é uma construção discursiva que prevê um porta-voz, ou um líder representa­tivo, que interprete as reivindicações dos grupos sociais insatisfeitos e as unifique em uma narrativa ideológica; e, sobretudo, em sua pessoa” (Urbinati, 2005, p. 19, tradução li­vre). Neste sentido, afirma a autora, “o resultado é que o populismo é um tipo de movimento que, para explicar o que o legitima e se apresentar como a voz do povo, precisa nomear os inimigos do povo” (p. 19, tradução livre). 

O aspecto moral que envolve a construção discursiva de povo versus elites nos discursos populistas tem, muitas vezes, o tema da corrupção como chave principal de ataques a adversários e até mesmo a concorrentes partidários, transformados em inimigos políticos. As hostilidades em relação às elites e instituições, a radicalização de conflitos políticos e o uso de apelos a sentimentos morais tem sido explorados na temática da corrupção em convergência com a comunicação de líderes e movimentos populistas. Serão objeto de análise os posicionamentos públicos de lideranças populistas e a sua cobertura jornalística, que tenham como tema principal a corrupção nos últimos cinco anos (2018-2022), em Portugal, Brasil e Itália. As análises de cobertura noticiosa dizem respeito às apropriações que o jornalismo mainstream faz da comunicação populista de atores e lideranças políticas sobre a temática da corrupção, bem como às estratégias utilizadas pelos  media, enquanto atores políticos. Neste sentido, buscaremos compreender como o jornalismo pode  acentuar  estratégias  comunicativas  populistas  a  partir da aplicação de critérios de noticiabilidade que enfatizam a emoção, o espetáculo e favorecem determinados perfis de líderes. Ao fazerem isso, no contexto das rotinas produtivas, o jornalismo pode servir operacionalmente como espaço de visibilização da lógica populista e de legitimação das reinvindicações dos atores políticos populistas.

Metodologia

O corpus de análise em PT, BR e IT será constituído por jornais/semanários em formato digital, jornais televisivos de canais abertos e amostras de Facebook, entre o ano de 2018-2022. A constituição do corpus de análise será constituída por: i) semanários/revistas e jornais diários dos três países. A seleção terá como critério a propriedade, o volume de vendas/circulação e o acesso digitalizado; ii) na televisão propõe-se a análise de jornais televisivos do prime-time, em canais abertos de grande audiência, em momentos políticos relevantes para a democracia;  iii) no Facebook, em PT, BR e IT, a construção da amostra irá recorrer à seleção de um corpus de análise, tendo como parâmetro momentos políticos relevantes, a partir de softwares específicos. Privilegia-se metododologias de análise de conteúdo, que permitirão a criação de bases de dados (Excel).Nos media sociais, incluindo nos meios digitalizados, a proposta é explorar a metodologia de análise multimodal web, que prevê a análise de temas; atores; imagens, ferramentas,  links, partilhas e outros elementos.

O percurso metodológico descrito pretende contribuir para refletir e aprofundar a estratégia de “análise hipermédia” proposta por Carlón (2016,2017), centrada na circulação de informação, ininterrupta, entre media mainstream e redes sociais. Tais análises permitirão identificar: i) os mecanismos de exploração da temática da corrupção nos discursos populistas; ii) o uso de informação/notícias falsas nos ataques contra os adversários ou out-groups (a partir da ideia de construção do inimigo); iii) as po­lémicas, os incitamentos ao ódio e ao conflito nos media sociais ; iv) as estratégias  media mainstream com o objetivo de ganhar visibilidade em manchetes de jornais, telejornais e revistas (mediapopulismo); v) os processos de viralização nas redes (popu­lismo digital) que visam influenciar a agenda pública na definição dos limites dos debates, ao  propor enquadramentos emocionais ou repertórios identificáveis pela população. E ainda será possível identificar: vi) mecanismos de mediatização da informação da desocultação da corrupção; vii) atores implicados nos casos de corrupção ao longo das diferentes fases, tais como advogados, banqueiros, homens de negócios, jornalistas, magistrados, políticos e outros. A análise de conteúdo dos media mainstream é imprescindível para desenvolver esta componente da investigação.A utilização das mesmas categorias de análise permitirão identificar temas e sub-temas, conteúdos em circulação, enunciadores e atores.

Resultados esperados

O projeto exploratório Media, Populismo e Corrupção constitui, no seu conjunto, uma contribuição teórica e empírica importante para a construção de um mapeamento da circulação discursiva do populismo e da corrupção, na sociedade contemporânea, tendo em consideração  potenciais novas configurações de poder na era digital, que emergem numa paisagem mediática descentralizada.

A execução do projeto envolve uma componente cívica e cidadã:  i) promover literacias mediáticas para a perceção do populismo e a relevância da corrupção neste fenómeno político; ii) efetuar ações de informação entre docentes e discentes do ensino superior, nomeadamente nas áreas de Comunicação, Media e Jornalismo; iii) organizar debates e ações de divulgação de resultados junto ao poder e media local; iv)  contribuir para identificar indicadores que influenciem a alteração de quadros legislativos e institucionais.

Em simultâneo ao desenvolvimento do projeto, os resultados serão apresentados em artigos e submetidos a candidaturas em revistas internacionais indexadas. Um seminário internacional será realizado na Universidade Nova de Lisboa em novembro de 2022, com a participação de convidados nacionais e internacionais. A par da relevância teórica e empírica, o problema de investigação do projeto exploratório MPC adquire valor social acrescido no contexto atual de erosão do regime democrático ocidental, onde o crime de corrupção é consensualmente entendido como uma das ameaças mais gravosas. 

Se até há alguns anos, a divulgação destes casos era entendida como uma forma de corrigir comportamentos ilícitos e reforçar valores no âmago dos regimes democráticos, no contexto atual de crescente desconfiança, os casos de corrupção alimentam a descredibilização dos sistemas políticos, judiciais e mediáticos e a emergência de populismos e regimes autoritários, num ecossistema cada vez mais permeável à desinformação digital (Freedom House, 2018, 2019, 2020, 2021).

Bibliografia

Ackerman,  S. (2014). Corruption and conflicts of interest. AA.VV., Corruption and Conflicts of Interest, A Comparative Law Approach, Studies Law Approach, edited by Jean-Bernard Auby, Emmanuel Breen e Thomas Perroud, Edward Elgar Publishing, 3-11.

Ackerman, S. (2002). Corrupção e governo. Lisboa: Prefácio.

Ackerman, S. (2004). Establishing the rule of law. In R. Rotberg (ed.). (2004). When states fail: Causes and consequences. New Jersey: Princeton University Press:182-221.

Ackerman, S. (2014). A corrupção e a promoção da boa governação, In C. Pimenta et al. (orgs.) (2014) Perceções da fraude e da corrupção no contexto português. V.N. Famalicão, Húmus / OBEGEF :15-30.

Ackerman, S. (2014). Corruption and conflicts of interest. AA.VV., Corruption and Conflicts of Interest, A Comparative Law Approach, Studies Law Approach, edited by Jean-Bernard Auby, Emmanuel Breen e Thomas Perroud, Edward Elgar Publishing – 3-11

Allcott, H. e Gentzkow,M. (2017). Social media and fake news in the 2016 election. Journal of Economic Perspectives, 31(2), 211-236.

Allern, S. e Pollack, E. (2012) The mediates construction of Political Scandals in Four Nordic Countries. Goteborg: Nordicom, University of Gotenburg.

Araújo, B. (2018) A Mediatização da Corrupção Política na Cobertura do Escândalo do Mensalão: Estudos do discurso de imprensa. Tese defendida na Universidade de Brasília, Programa de Pós-Graduação em Comunicação e Sociedade. (Ar18).

Avritzer, L. e Filgueiras, F. (Orgs) (2011).Corrupção e sistema político no Brasil. Rio de Janeiro: Editora Civilização Brasileira.

Bakir, V., e McStay, A. (2018). Fake news and the economy of emotions: problems, causes, solutions. Digital Journalism, 6(2), 154-175.

Begosso, G. A. (2019). Lawfare, pós-democracia e pós-verdade no caso Lula: análise da potencial violação do direito fundamental ao juiz natural por Sergio Moro e seus impactos na democracia brasileira à luz dos diálogos divulgados pelo The Intercept. Natal, UFRN (https://monografias.ufrn.br/jspui/bitstream/123456789/9458/1/LawfarePosDemocraciaPosVerdade_Begossi_2019)

Carlón, M. (2016). Registrar, subir, comentar, compartir: prácticas fotográficas en la era contemporánea. In: Corro, P. Robles, C. (Eds.). Estética, medios masivos y subjetividades. Santiago de Chile: Pontificia Universidad Católica, p. 31-54.

Carlón, M. (2017). La cultura mediática contemporánea: otro motor, otra combustión, (segunda apropiación de la teoría de la comunicación de eliseo Verón: la dimensión espacial). In: Castro, P. (Org.). A circulação discursiva: entre produção e reconhecimento (pp. 25-48). Maceió, Brazil: Editora da Universidade Federal de Alagoas (edufal), p. 25-48.

Cioccari, D.(2015). Operação Lava Jato: escândalo, agendamento e enquadramento. Revista Alterjor12(2), 58-78. (https://www.revistas.usp.br/alterjor/article/view/aj12-a04). (Ci15).

Cunha, I. e Serrano, E. (2014). Cobertura Jornalística da Corrupção Política. Lisboa: Alêtheia. (https://www.icnova.fcsh.unl.pt/cobertura-jornalistica-da-corrupcao-politica/)

Cunha, I. F. e Serrano, E. (2016).(Coord.) Media, Corrupção Política e Justiça. Lisboa: Mariposa Azul.

Cunha, I. F. e Serrano, E. (Org.) (2015). Corrupção Política, Media e Democracia. Revista Media & Jornalismo. 14(24). https://www.icnova.fcsh.unl.pt/revista-media-jornalismo-26-corrupcao-politica-media-e-democracia/.

Cunha, I. F. e Serrano, E., Figueira, J. (2015). A corrupção política vista por jornalistas e políticos. Covilhã: LabCom. (http://www.labcom-ifp.ubi.pt/livro/264)

Cunha, I.F. (2015b). Media e padrões da corrupção política: os casos Freeport e Face Oculta.  Revista Media & Jornalismo, 14(26): 45-64. https://www.icnova.fcsh.unl.pt/revista-media-jornalismo-26-corrupcao-politica-media-e-democracia/.

Cunha, I.F. (2017). Democracia e corrupção política mediatizadas. In: Moreira, A., Araújo, E. e Sousa, H. (Org.) Comunicação Política: tempos, contextos e desafios. Braga: Centro de Estudo de Comunicação e Sociedade (CECS) da Universidade do Minho. (http://hdl.handle.net/1822/45022)

Cunha, I. F. (2015a). Da Desmocratização na Europa: democracia, media e corrupção política. São Paulo, Intercom – RBCC. 38 (1): 37-63, jan./jun. 2015. http://www.scielo.br/pdf/interc/v38n1/1809-5844-interc-38-01-0037.pdf

Damgaard, M. B. (2019). Media Leaks and Corruption in Brazil – The Infostorm of Impeachment and the Lava-Jato Scandal. Nova York e Londres:Routledge.

Deacon, D., Pickering, M., Golding, P., Murdock, G. (1999). Researching communications. London: Oxford University Press.

Fernandes, P. V. (2016). Crítica à cobertura midiática da Operação Lava Jato. Dissertação de mestrado apresentada à PUC-SP. São Paulo, PUC (https://tede2.pucsp.br/handle/handle/19113)

Figueiras, R. (2014). O Sistema dos media em Portugal no contexto da globalização do século XXI. In: Cunha, I. e Serrano, E. (2014). Cobertura Jornalística da Corrupção Política. Lisboa: Alêtheia, p. 253-281.(https://www.icnova.fcsh.unl.pt/cobertura-jornalistica-da-corrupcao-politica/).

Figueiras, R. (2019). Public interest in the neo-liberal order: The role of the EU austerity model in the morphing of the Portuguese media landscape. Global Media and Communication, 15 (1): 49-65.  

Filgueiras, F. E e Araújo, M.M., (2014).  A política anticorupção e o marco legal no Brasil. In: Cunha, I. e Serrano, E. (2014). Cobertura Jornalística da Corrupção Política. Lisboa: Alêtheia: 57-107. (FiAr14).

Fontes, G., Ferracioli, P., Sampaio, R. (2016). Petrolão na mídia: O enquadramento de 18 meses da operação lava jato nas revistas impressas. São Carlos(UFSCAR). Revista Agenda Política.3– 4. Disponível em: (http://www.agendapolitica.ufscar.br/index.php/agendapolitica/article/view/116/111).

FREEDOM HOUSE (2017,2018, 2019) https://freedomhouse.org/

Gomes, Allan Keller, Pimentel, Maria da Graça Campos (2012). “Measuring media-based social interactions in online civic mobilization against corruption in Brazil” in WebMedia ’12: Proceedings of the 18th Brazilian symposium on Multimedia and the web, p. 173-182. (https://doi.org/10.1145/2382636.2382675)

Gomes, M. A. de M. (2016). “Crítica à cobertura midiática da Operação Lava Jato”, in Revista Brasileira de Ciências Criminais (122). Editora Revista dos Tribunais, p. 229-253.

Granovetter, M. (2007). The Social Construction of Corruption. In: Nee, V. e Swedberg, R. (Eds) On Capitalism. Stanford: University Press, 152-172.

Guazina, L. (2011). Jornalismo em busca da credibilidade: a cobertura adversária do Jornal Nacional no Escândalo Mensalão. Tese defendida na Universidade de Brasília, Programa de Pós-Graduação em Comunicação e Sociedade.

Hajdu, M., Pápay, B., Szantó, Z. e Tóth, I. (2018). Content analysis of corruption coverage: Cross-national differences and commonalities. European Journal of Communication 2018, Vol. 33(1) 7 –2.

Hamada, B.I., Abdel-Salam, G. e Elkilnay, E.A. (2019). Press freedom and corruption: an examination of relationship. Global Media and Communication. First Published September 18, 2019. (https://journals.sagepub.com/doi/abs/10.1177/1742766519871676)

Herring, S.C., Scheidt, L.A, Kouper, I. e Wright, E. (2006). Longitudinal content analysis of weblogs: 2003-2004. In M. Tremayne (Ed.), Blogging, citizenship, and the future of media (pp. 3-20). London: Routledge.http://ella.slis.indiana.edu/~herring/tremayne.pdf

Hjarvard, S. (2013).  The Mediatization of Culture and Society. London: Routledge. 

 https://corrupcaopoliticacimj.files.wordpress.com/2016/09/media-corrupc3a7c3a3o-polc3adtica-e-justic3a7a.pdf

Johnston, M.  (2005). Syndromes of Corruption: Wealth, Power and Democracy. Cambridge: University Press.

Kalenborn, C. e Lessmann, C. (2012). The Impact of Democracy and Press Freedom on Corruption: Conditionality Matters. CESIFO WORKING PAPER NO. 3917 CATEGORY 2: PUBLIC CHOICE AUGUST 2012 (https://www.sciencedirect.com/science/article/pii/S0161893813000331)

Kube, I. e Engelbert, A, (2018). Corruption and the impact of democracy. Crime Law Soc Change (2018) 70:175–178. (https://link.springer.com/content/pdf/10.1007%2Fs10611-017-9732-0.pdf)

Maia, A. (2011). O discurso social sobre o problema da Corrupção em Portugal. Porto: Obervatório de Economia e Gestão de Fraude: Edições Húmus.

Maia, A. (2012). Globalização, segurança, defesa e corrupção. Revista Segurança e Defesa, 22: 70-89. (MAi,2008,2011,2012).

Maia, A. (2016) A corrupção como notícia – os atos judiciais mediatizados nos casos Freeport, BPN, Face Oculta e Submarinos. In I. Cunha, I.  e Serrano, E. (2016). Media, Corrupção Política e Justiça. Lisboa. Editora Mariposa Azual: 59-77 – https://research.unl.pt/ws/files/2423998/m_dia_corrup_o_pol_tica_e_justi_a.pdf (MAi,2016)

Maia, A. e Borges, H. (2014). Prevenir e reprimir a corrupção política em Portugal – evolução do quadro legal. In: Cunha, I. e Serrano, E. (2014). Cobertura Jornalística da Corrupção Política. Lisboa: Alêtheia, p. 109-180. (https://www.icnova.fcsh.unl.pt/cobertura-jornalistica-da-corrupcao-politica/).

Mancini, P. (2016a). A comparative research on the print press coverage of corruption. Disponível em: http://anticorrp.eu/wp-content/uploads/2016/09/D6.1.2.pdf.

Mancini, P. (2016b). Extensive content analysis study on the coverage of stories on corruption: Executive summary. Disponível em: http://anticorrp.eu/wp-content/uploads/2016/09/D6.1.1-Executive-Summary.pdf.

Mancini, P., Mazzoni, M., Cornia, A., e al. (2016c). Representations of corruption in the British, French and Italian press. International Journal of Press/Politics, 22, 67-91.

Marques, W. (2012). Mensalão e Crise Política: O discurso de Veja ao significar o Partido dos Trabalhadores. Curitiba: Appris.

Medeiros, C. R. e Silveira, R.(2017). A Petrobrás nas teias da corrupção: mecanismos discursivos da mídia brasileira na cobertura da Operação Lava Jato”, in Revista de Contabilidade e Organizações (31). São Paulo: USP, p. 11-20 (https://www.redalyc.org/jatsRepo/2352/235255194002/235255194002.pdf).

Paixão, B. (2016). O que nos dizem os escândalos políticos sobre os media? Revista Mediapolis nº 2- (CEIS20), Universidade de Coimbra. (https://digitalis.uc.pt/taxonomy/term/51158).

Prior, H., Guazina, L., e Araújo, B. (2015). Corrupção e escândalo politico: o enquadramento dos escândalos Face Oculta e Mensalão na imprensa portuguesa e brasileiraRevista Media & Jornalismo, 14(26), 167-185.(https://www.icnova.fcsh.unl.pt/revista-media-jornalismo-26-corrupcao-politica-media-e-democracia/)

Prior, H. (2018). “Escândalo Político e Narratologia: tecendo os fios narrativos dos casos Face Oculta e Lava Jato” in Revista Famecos – Mídia, Cultura e Tecnologia (25-1). Porto Alegre, PUC – RS.

Ryan, M.-R. e Thon, J.-N. (2014) Storyworlds across Media: Toward a Media Conscious Narratology. Nebraska: University of Nebraska Press.

Ryan, M.-R. e Thon, J.-N. (2014) Storyworlds across Media: Toward a Media Conscious Narratology. Nebraska: University of Nebraska Press. (RyTh14) .

Schauseil, W. (2019). Media and Anti-Corruption. Transparency International. U4 Resource Centre (https://www.u4.no/publications/media-and-corruption.pdf). (Sc19).

Schauseil, W. (2019). Media and anti-corruption. U4 Helpdesk Answer. (https://www.u4.no/publications/media-and-corruption.pdf )

Sloan, L. e Quan-Haase, A. (2017) Social Media Research Methods. London: Sage.

Sousa, L. de (2011). Corrupção. Lisboa: Fundação Francisco Manuel dos Santos.

Sousa, L. de e Triães, J. (2007). Corrupção e Ética  em Democracia: O Caso de Portugal.  Lisboa: Obercom.

Southwell, B. G., Thorson, A. e Sheble, I. (Eds.) (2018). Misinformation and mass audiences. Austin: University of Texas Press. (SoThSh18)

Starke, C. , Naab, T.K. e Scherer, H. (2016). Free to Expose Corruption: The Impact of Media Freedom, Internet Access, and Governmental Online Service Delivery on Corruption. International Journal of Communication 10, 4702–4722 (https://ijoc.org/index.php/ijoc/article/viewFile/5712/1793).

Strömbäck, J., e Esser, F. (2014). Mediatization of Politics: Transforming Democracies and Reshaping Politics. In K. Lundby (Ed.). Mediatization of Communication. Berlin: De Gruyter Mounton, 375-403.

Thompson, J. B. (2002). O escândalo político. Rio de Janeiro: Vozes.

TRANSPARENCY INTERNATIONAL: CORRUPTION PERCEPTION INDEX (2017,2018,2019) https://www.transparency.org/

Wardle, C. e Derakhan, H. (2017). Information disorder. Toward an interdisciplinary framework for research and policymaking. Council of Europe Report  (https://rm.coe.int/information-disorder-toward-an-interdisciplinary..)

Wilson, R., Gosling, S. e Graham, L. (2012).A Review of Facebook Research in the Social Sciences. Perspectives on Psychological Science, 7(3) 203 –220. https://journals.sagepub.com/doi/abs/10.1177/1745691612442904 (WiGoGr12)

Comunicação Populista, Neoconservadorismo e Desinformação em Contextos Eleitorais Subnacionais
Pesquisador Coordenador do Projeto: Bruno Araújo (UFMT)

Equipe:

Dôuglas Aparecido Ferreira (Universidade Federal de Mato Grosso, Brasil)
Juliana Gagliardi de Araújo (Universidade Federal Fluminense, Brasil)
Thiago Cury Luiz (Universidade Federal de Mato Grosso, Brasil)
Liziane Soares Guazina (Universidade de Brasília, Brasil)
Hélder Filipe Rocha Prior (Universidade Federal de Mato Grosso do Sul, Brasil)
Fernanda Safira Soares Campos (Universidade Federal de Mato Grosso, Brasil)
William Monteiro (Universidade Federal de Mato Grosso, Brasill)


Consultora do projeto: Isabel Ferin Cunha (Universidade de Coimbra/Instituto de Comunicação da Universidade Nova de Lisboa

Bolsistas de Iniciação Científica
André Macedo de Souza (Universidade Federal de Mato Grosso)
Thiago Augusto Arlindo Thomaz da Silva Crepaldi (Universidade Federal de Mato Grosso)

Financiado por

Resumo da Proposta

O projeto Comunicação Populista, Neoconservadorismo e Desinformação em Contextos Eleitorais Subnacionais pretende discutir o lugar dos meios de comunicação tradicionais e dos novos media na emergência dos populismos contemporâneos a partir dos contextos eleitorais subnacionais, tendo o caso brasileiro como referência e com um olhar especialmente voltado para o cenário de Mato Grosso nas eleições gerais de 2022. O fenômeno do populismo tem reemergido em diversas democracias do mundo neste início de século XXI, com características renovadas em relação aos populismos clássicos, historicamente vinculados, na América Latina a movimentos e partidos da esquerda tradicional. Mais recentemente, novas formas de configuração do populismo têm surgido, impulsionadas por fatores sociológicos amplos, como as crises econômicas, ambientais, a crescente desconfiança nas instituições da democracia, as crises migratórias e securitárias, bem como por fatores comunicacionais impulsionados pela ampla mediatização da vida social e política a partir da proliferação de dispositivos técnicos e vária ordem, da cobertura intensa da corrupção política e das diferentes transformações na esfera pública a partir das mudanças introduzidas pela comunicação digital, com ênfase na digitalização da política. Com efeito, o populismo se reconfigura a partir de mudanças do tempo histórico contemporâneo e precisa ser analisado na sua amplitude e complexidade, considerando-se os variados efeitos da dinâmica populista sobre a qualidade da comunicação social produzida sobre o tema, bem como os efeitos da sua crescente força sobre a qualidade da representação política e da própria democracia.

Este projeto extrapola o viés puramente político do fenômeno populista, propondo tratá-lo como fenômeno comunicacional e mediático que merece ser estudado para uma melhor compreensão das transformações da esfera política e da amplitude da crise da própria democracia. Importa sublinhar que, não obstante o fenômeno do populismo esteja presente em diversos espectros ideológicos, com manifestações da esquerda à direita, mais recentemente, os populismos surgidos no mundo têm sido sobretudo identificados com lideranças da direita, da extrema-direita ou da direita radical, as quais apresentam características do que parte da literatura identifica como neoconservadorismo, marcada pela ressignificação de temas históricos caros a movimentos progressistas, como as questões de gênero e sexualidade, o racismo ou a defesa do meio ambiente, muitas vezes perspectivadas a partir de uma moral cristã. Deste modo, lideranças deste espectro ideológico, conjugam práticas da dinâmica populista, especialmente a divisão antagônica da sociedade entre nós e eles, identificado no “eles” um inimigo a ser combatido, encontrando naqueles temas da agenda moral ou de comportamento um terreno fértil para a construção de suas retórica e estratégia políticas. De igual modo, os populismos do século XXI se vinculam a processos de desinformação e de polarização com instituições de controle, como o Judiciário e os meios de comunicação, como estratégia para criar o conflito e manter um permanente estado de mobilização das massas apoiadoras, em particular nas redes sociais da internet. Nesse contexto, é possível afirmar que a comunicação populista possui uma relação direta com o fenômeno da política da pós-verdade, identificada por diferentes autores como um cenário social no qual determinados consensos históricos tendem a ser postos em causa, com desdobramentos que diminuem o grau de racionalidade do debate público em favor de um tipo de discussão que se estrutura em torno de emoções e sentimentos subjetivos a respeito de temas de variada complexidade.

Como tal, tendo especialmente o contexto de Mato Grosso como pano de fundo, o projeto pretende afirmar-se como espaço de discussão e produção de conhecimento acerca de manifestações populistas no contexto eleitoral de 2022, analisando desde o modo como o jornalismo trata de temas e questões caras ao universo da liderança populista até à maneira pela qual determinadas lideranças do espectro da direita construíram a sua estratégia de campanha nas redes, como forma de manter o interesse dos públicos e captar apoio político. Sem dúvidas, discutir as relações entre o populismo e a comunicação, seja por meio de análises da cobertura jornalística do fenômeno, seja mediante a observação crítica de estratégias populistas de comunicação política em contextos eleitorais, são questões que interessam diretamente ao debate sobre a qualidade da democracia, da representação política e da comunicação social.

Partimos de um quadro teórico sobre populismo de direita, e a sua relação com os media, com especial atenção para o conceito de comunicação populista, que engloba tanto o trabalho dos media tradicionais quanto o estudo dos usos e apropriações dos novos media, sobretudo das redes sociais, por parte de lideranças políticas em busca de apoio. Incluímos, ainda, como parte do referencial teórico do projeto, toda uma literatura que pensa os efeitos do populismo sobre a democracia, como uma espécie de ameaça permanente ao jogo democrático, que precisa ser aperfeiçoado, entre outras formas, por práticas de formação cívica e consciência cidadã. Articulando-se, então, com um quadro teórico já consolidado, o projeto aposta no desenvolvimento de análises quanti-qualitativas, com o objetivo de contemplar estudos que abarquem veículos de expressão na paisagem jornalística regional de Mato Grosso, bem como estudos de caso das principais lideranças políticas do estado naquele que tenderá a ser um dos processos eleitorais mais tensos desde a redemocratização do país, em meados de 1980.

Para além da produção de conhecimento científico com impactos sobre a discussão da qualidade da representação política e da democracia em contexto de fortalecimento do populismo, a atuação de uma equipe de pesquisadores nacionais e internacionais, como a que marca este projeto, ainda contempla uma perspectiva de inovação, que se divide em duas dimensões: (i) sistematização do conhecimento científico acumulado sobre comunicação e populismo; (ii) literacia midiática e divulgação científica.

Na primeira, o projeto pretende investir esforços no aprofundamento de um Repositório sobre Comunicação e Populismo que já existe, mas que precisa de aperfeiçoamento. Trata-se de aperfeiçoar e ampliar uma base de dados que agregue os estudos mais recentes sobre populismo e comunicação, para além de outros conteúdos, científicos e não-científicos, que tratam do tema. Na segunda dimensão, que nomeamos de literacia mediática e divulgação científica, o projeto pretende empreender esforços no sentido do letramento para os media e da divulgação científica de estudos sobre comunicação e populismo, para contribuir com a formação cívica em torno da importância do aperfeiçoamento da democracia, o que passa pelo desenvolvimento de uma perspectiva crítica, de maior envolvimento com os questões políticos nacionais e subnacionais por parte dos cidadãos, bem como a aquisição de competências para uma apropriação crítica de conteúdos midiáticos autênticos ou oriundos de desinformação. Nesse sentido, pretende-se produzir, como produto, um podcasting de entrevistas com especialistas no tema central do projeto, para oferecer ao público em geral perspectivas de análise da relação entre democracia, comunicação e populismo. Da mesma maneira, o projeto prevê a realização de oficinas em escolas da rede básica de ensino, nos municípios de Cuiabá e Várzea Grande, como espaços de formação para os meios de comunicação, no sentido de proporcionar aos educandos um ferramental de análise crítica seja da comunicação eleitoral, seja da cobertura jornalística feita sobre a política, a partir de dados e de conceitos provenientes da literatura especializada.

Referências do Projeto

Aggio, C., & Castro, F. “Meu partido é o povo? uma proposta teórico-metodológica para o estudo do populismo como fórmula de comunicação política seguida de estudo de caso do perfil de Jair Bolsonaro no Twitter.” Comunicação & Sociedade, 2019. No prelo.

Araújo, B. & Prior, H. Framing Political Populism: the role of the media in framing the election of Jair Bolsonaro. Journalism Practice, January, 2020. DOI: https://doi.org/10.1080/17512786.2019.1709881

Araújo, B. Em busca de um herói: a construção discursiva de Joaquim Barbosa no julgamento do Mensalão por Veja e Época. Verso e Reverso, 31(1), p.125- 137, 2017.

Bauer, M. W.; Gaskell, G. Pesquisa Qualitativa com texto, imagem e som. Um manual prático. 2ª Ed. Petrópolis: Editora Vozes, 2000.

Blumler, J. G., & Kavanagh, D. The Third Age of Political Communication: Influences and features. Political Communication, 16, 209–230, 1999.

Bos, L., Van Der Brug, W., & De Vreese, C. Media Coverage of Right-Wing Populist Leaders. Communications, 35, 141–163, 2010.

Bos, L., van der Brug, W., & de Vreese, C. How the media shape perceptions of rightwing populist leaders. Political Communication, 28(2), 182–206, 2011. DOI: https://doi.org/10.1080/10584609.2011.564605

Canovan, M. Trust the people! Populism and the two faces of democracy. Political Studies, 47(1), 2–16, 1999. DOI: https://doi.org/10.1111%2F1467-9248.00184

Cunha, Isabel Ferin. Análise dos Media. Coimbra: Imprensa da Universidade de Coimbra, 2012.

Cunha, I. F. Democracia e corrupção política mediatizadas. In A. Moreira; E. Araújo; H. Sousa. Comunicação e Política: textos, contextos e desafios. Braga: CECS, 2017, pp. 65-90.

de Vreese, C. H., Esser, F., Aalberg, T., Reinemann, C., & Stanyer, J. Populism as an Ex- pression of Political Communication Content and Style: A New Perspective. The International Journal of Press/Politics, 23(4) 423–438, 2018.

Di Maggio, A. The Rise of the Tea Party: Political Discontent and Corporate Media in the Age of Obama. New York: Monthly Review Press, 2011.

Engesser, S., Ernst, N., Esser, F. e Buchel, F. Populism and social media: how politicians spread a fragmented ideology. Information, Communication and Society, 20 (8), 1109–1126, 2017

Engesser, S., Fawzi, N., & Larsson, A. Populist online communication: introduction to the special issue. Information, Communication & Society, 20(9), 1279-1292, 2017 DOI: https://doi.org/10.1080/1369118X.2017.1328525

Jagers, J., & Walgrave, S. Populism as Political Communication Style: An Empirical Study of Political Parties’ Discourse in Belgium. European Journal of Political Research, 46, 319–345, 2007.

Jansen, R. Populist mobilization: A new theoretical approach to populism. Sociological Theory, 29(2),75–96, 2011.

Krämer, B. Media populism: A conceptual clarification and some theses on its effects. Communication Theory, 24,42–60, 2014. DOI: https://doi.org/10.1111/comt.12029

Krämer, B. Populist online practices: the function of the Internet in right-wing populism, Information, Communication & Society, 20:9, 1293 1309, 2017.

Laclau, E. On Populist Reason, London-New York: Verso, 2005.

Mazzoleni, G. The media and the growth of neo-populism in contemporary democracies. In G. Mazzoleni, J. Stewart, & B. Horsfield (Eds.), The media and neo-populism: a contemporary comparative analysis. Westsport: Praeger, 2003, pp. 1-20.

Mazzoleni, G. Mediatization and Political Populism. In F. Esser & J. Strömbäck (Eds.), Mediatization of Politics: Understanding the Transformation of Western Democracies Basingstoke: Palgrave McMillan, 2014, pp. 42-56.

Mazzoleni, G. Populism and the Media. In D. Albertazzi & D. McDonnell (Eds.), TwentyFirst Century Populism: The Spectre of Western European Democracy. Basingstokeand New York, NY: Palgrave Macmillan, 2008, pp. 49-64.

Mazzoleni, G. & Bracciale, R. Socially mediated populism: the communicative strategies of political leaders on Facebook. Palgrave Communications, 4 (50), 1-10, 2018. DOI: 10.1057/s41599-018-0104-x.

Mounk, Y. (2018). O povo contra a democracia: por que nossa liberdade corre perigo e como salvá-la. São Paulo: Companhia das Letras.

Mudde, C. Rovira Kaltwasser, C. Populismo: uma Brevíssima Introdução. Lisboa: Gradiva, 2017.

Mudde, C. A extrema-direita hoje. Rio de Janeiro: Eduerj, 2022.

Prior, H. Esfera Pública e Escândalo Político: a Face Oculta do Poder. Porto: Media XXI, 2016.

Prior, H. Em nome do povo: o populismo e o novo ecossistema mediático. In J. Figueira & S. Santos (Eds.), As Fake News e a nova ordem (des) informativa na era da PósVerdade. Coimbra: Imprensa da Universidade de Coimbra, 2019, pp. 123-145.

Waisbord, S. The elective affinity between post-truth communication and populist politics, Communication Research and Practice, 4 (1), 17-34, 218. DOI:10.1080/22041451.2018.1428928

Weyland, K. Clarifying a contested concept: Populism in the study of Latin American politics. Comparative Politics, 34(1), 1–22, 2001.

Tatagiba, L. 1984, 1992 e 2013. Sobre ciclos de protestos e democracia no Brasil. Revista Política e Sociedade, 13 (28), 35-62, 2014.

Tatagiba, L. Os protestos e a crise brasileira. Um inventário. Revista inicial das direitas em movimento (2011-2016). Sinais Sociais, 11 (33), 71-98, 2017.

From South to South: a comparative analysis on media, populism and corruption in four countries
Pesquisadora Coordenadora do Projeto: Liziane Soares Guazina

Equipe:

Pesquisadores doutores
Bruno Araújo (Universidade Federal de Mato Grosso, Brasil)
Helder Prior (Universidade Autonoma de Lisboa, Portugal) Isabel Ferin (Universidade Nova de Lisboa, Portugal) Juliana Gagliardi (Universidade Federal Fluminense, Brasil)
Ana Cabrera (Universidade Nova de Lisboa, Portugal) Keila Raitzin (Universidad Nacional de San Martin, Itália)

Pós-doutorandas
Ebida Santos (Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia em Disputas e Soberanias Informacionais). Erica Anita Baptista (Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia em Disputas e Soberanias Informacionais, com bolsa CNPq)

Doutoranda
Mara Karina Silva (Universidade de Brasilia, Brasil)

Mestrandos
Fernanda Safira Soares Campos (Universidade Federal de Mato Grosso, Brasil)
Willian Monteiro (Universidade Federal de Mato Grosso, Brasil)


Financiado por

Resumo da Proposta

O projeto visa analisar os processos de politização da corrupção de forma comparativa em dois países da América do Sul (Brasil e Argentina) e dois países do Sul da Europa (Portugal e Itália), constituindo-se como desdobramento do projeto Mídia, Populismo e Corrupção desenvolvido pelo Observatório do Populismo do Século XXI entre 2022-2023. O escopo é construir um mapa teórico-metodológico de estudos sobre populismo e escândalos de corrupção a partir de uma perspectiva doSul Global sobre os novos populismos.

Apesar dos diferentes contextos histórico-sociais, mecanismos semelhantes de politização e instrumentalização da questão da corrupção na mídia e nas mídias sociais tem sido identificados nos momentos de crises políticas nos quatro países (Cioccari, 2015; Cunha, 2015; Cunha, 2019; Mesquita, Moisés e Rico, 2018; Dias, Von Bulow e Gobbi, 2021; Mancini, Marchetti e Mincigrucci, 2017; Mancini e Gerbi, 2018; Rispoli e Vanucci, 2021; Raitzin, K., 2020).

O projeto levanta as seguintes questões: como os usos da corruption issue nas estratégias de comunicação política de populistas nas mídias sociais contribuem para aproveitar oportunidades discursivas (Koopmans e Olzak, 2004) e organizar frames populistas sobre questões sociais e políticas? Como a politização dos discursos anticorrupção contribui para a ocorrência de mediapopulismo na cobertura política da mídia e no engajamento de conteúdos em mídias sociais?

A partir delas, traça os seguintes objetivos: 1) Analisar com multimétodos e de modo comparativo os usos do tema da corrupção na cobertura de escândalos políticos da mídia mainstream e na comunicação populista de perfis de mídias sociais; 2) Mapear as bibliografias nacionais sobre o tema corrupção e populismo para organizar um mapa de referências para consulta pública; e 3) Oferecer uma abordagem latino-americana para a análise internacional dos novos populismos de um ponto de vista comunicacional.