O artigo discute teórica e comparativamente as estratégias comunicativas desenvolvidas por Donald Trump e outras lideranças consideradas pelo autor como populistas de esquerda na América Latina. O argumento que transparece no texto é de uma espécie de “latino-americanização” da cena política norte-americana, mesmo que não mencione nem analise o caso de Bolsonaro no Brasil. Apesar do uso estratégico de diferentes critérios (critérios étnicos, no caso de Trump, e sócio-econômicos, no caso de lideranças como Chávez, na Venezuela, e Correa, no Equador) como demarcadores de discursos que incentivam antagonismos, o autor defende que a principal característica desses atores é liderar um processo de tensionamento das instituições democráticas e de ruptura da ordem neoliberal. Neste sentido, ele desenvolve o argumento a partir de quatro seções, que incluem as condições sob as quais os populistas romperam a ordem neoliberal; as diferentes construções da categoria “povo”, a função da categoria povo em criar uma solidariedade entre seguidores e as estratégias populistas para acessar o poder, punir os críticos e construir um sentido de povo autêntico.