Neste artigo, Silvio Waisbord discute a “afinidade eletiva” entre a comunicação pós-verdade e a política populista. O termo “afinidade eletiva” é emprestado da sociologia de Max Weber, significando uma relação muito próxima entre dois processos sociais, que, no estudo weberiano, eram o capitalismo e protestantismo. Waisbord procura estudar se as tendências hodiernas na comunicação pública, principalmente o colapso da ordem mediática hegemônica e a emergência de novas esferas desagregadas criam as condições para o surgimento da política populista. O principal argumento do autor é de que a eclosão da política populista representa um processo de consolidação de uma comunicação pós-verdade, a qual marcaria a face da política contemporânea. O artigo, com uma abordagem eminentemente teórica, divide-se em seis partes. Depois de uma introdução em que articula as suas hipóteses de trabalho, a parte 2, “What is post-truth communication?” apresenta o conceito de pós-verdade e como esse processo se articula como prática comunicativa. A parte 3, “From the ministry of truth to pos-truth”, prossegue na definição de pós-verdade, relacionando-a com os processos de comunicação. A parte 4, “Truth and/in populism”, é quando o autor responde mais diretamente à pergunta: “onde está a afinidade eletiva entre comunicação pós-verdade e populismo”. Na parte 5, “Shaping pos-truth communication”, o autor retoma o essencial de seu argumento, enfatizando que “o dizer a verdade contradiz as convicções fundamentais do populismo”. Na 6 e última parte, “The challenges of post-truth communication”, o autor aponta os desafios impostos à realidade comunicacional imbricada pela pós-verdade.