Artigo constituído pelas seguintes rubricas: Introdução, Contextos e Temas, Senso Comum, Metodologia, Resultados e Dados e Conclusão. O artigo analisa a apropriação que a direita política, em países do Sul Global, tem feito das agendas de esquerda, tais como a pobreza e a exclusão, dentro de um enquadramento narrativo mediático anti-globalização. A análise é exemplificada por meio de um estudo empírico que objetiva analisar a comunicação política do presidente brasileiro Jair Bolsonaro nos media mainstream. O autor recorre a uma metodologia de triangulação e elege como corpus uma amostra de notícias sobre a exclusão e a pobreza, do período da campanha presidencial de 2018, veiculadas na rede Globo e no jornal Folha de São Paulo. A análise revela que o candidato Bolsonaro é, simultaneamente, objeto e ator de um maior número de notícias que o seu opositor, o candidato Haddad. Proporcionalmente, também, o estudo demonstra que Bolsonaro se refere nos seus discursos mais vezes à pobreza no Brasil, que o seu opositor. A análise enfatiza, ainda, que Bolsonaro atribui a pobreza à globalização, às medidas de proteção do ambiente, à corrupção das elites, nomeadamente dos políticos do PT, e à sua subordinação a interesses externos. Trata-se de um artigo interessante com uma perspectiva temática inovadora, num período conturbado da vida política brasileira. Salienta-se que o objeto de análise são os media mainstream, nomeadamente a Rede Globo, a maior rede de televisão brasileira, durante a campanha eleitoral de 2018.