Estruturado em seis partes, o artigo, de John Postill, tece uma crítica a abordagens que buscam entender os elos entre os novos media e o populismo sobretudo a partir de uma realidade ocidental, centrada basicamente nas experiências americana e europeia dos últimos anos. Para o autor, é preciso construir uma perspetiva global, sendo necessário um maior aprofundamento histórico e geográfico para entender tal conexão. Assim, na parte 1, The trangled roots of populism, discutem-se as raízes do neopopulismo em países como México, Filipinas e Brasil, afirmando-se que os novos populismos nem sempre são atravessados pela lógica neoliberal, a menos que abstratamente, tendo conexão com fatores econômicos, culturais e existenciais. O texto faz críticas à perspectiva de Paolo Gerbaudo (2018), cujo texto está referenciado neste repositório. Na parte 2, Left, right and centre, o autor inclui a discussão dos populismos centristas, pouco considerados na literatura, os quais tendem a beneficiar-se do establishment político-econômico e, por isso, são mais comedidos na sua crítica às elites, misturando retórica populista com linguagem pró-mercado. São mencionados casos em França, Espanha e Indonésia. Na parte 3, Theocratic populism on the rise, discute-se a ascensão dos populismos teocráticos, que articulam a ideia de soberania de Deus, em vez de soberania popular, citando o caso do prefeito do Rio de Janeiro, o bispo Marcelo Crivela. Na parte 4, Social media is not solely a populist tool, o autor cita casos em Espanha, Filipinas e EUA para mostrar a realidade de líderes não-populistas que também utilizam muito bem os media sociais, sublinhando, ainda, que a utilização desses meios por populistas não é sempre garantia de êxito. Na parte 5, Populist communication: twice hybrid, argumenta-se que o populismo é uma linguagem duplamente híbrida, fazendo uso de estratégias de comunicação online e off-line. Na parte 6, Presumed media effects, o autor põe em perspectiva os presumidos efeitos dos media sociais sobre as campanhas, populistas e não-populistas. Trata-se de um texto que questiona algumas teses que vinculam media sociais e populismos diretamente, sublinhando a necessidade de estudos comparativos com outras geografias, não apenas as ocidentais, de forma a incluir-se fatores candentes dessas realidades na compreensão do peso das tecnologias na mudança política.