Neste artigo, Kamila Lima Nascimento busca apresentar o conceito de populismo construído pelo teórico político argentino Ernesto Laclau ao mesmo tempo em que analisa criticamente a defesa da aplicação, na prática, do populismo no campo político. Para a autora, na obra A Razão Populista (2005), Laclau oferece uma nova perspectiva sobre o populismo, radicalmente diferente da literatura tradicional – sem contestar ou desaprovar os conceitos até então existentes, mas deslocando seu lugar de análise, levando-o a ser pensado como uma lógica política que não dispõe de conteúdos específicos, mas que possui uma natureza singular: a de manifestar-se como uma lógica radical cuja principal característica é a divisão simbólica do social em dois campos antagônicos. Assim, a autora chega à conclusão de que pela influência marxista que recebeu, Laclau apresenta o populismo como a representação da luta do povo contra seus opressores, somada à cristalização dos sentidos em torno de um nome que representará a completude ausente do social através da identificação com o nome do povo. A autora, no entanto, avalia que o populismo não oferece garantias que sustentem seu emprego e que, portanto, é perigoso. Mais que isso, chama de retrocesso a divisão do campo político em dois grupos, proposta pelo populismo de Laclau. Assim, a autora conclui propondo que a esquerda deve avançar em busca de uma democracia mais radical, acolhendo o pensamento do todo e deixando de lado qualquer posição de grupo ou classe.