Considerando os múltiplos sentidos empregados ao populismo, este artigo, de Maria Helena Capelato, busca analisar como os grandes veículos brasileiros adotaram o uso de termos relacionados ao fenômeno populista na cobertura noticiosa e editorial durante os governos de Getúlio Vargas (1930–1954), com ênfase em seu segundo mandato (1950–1954). A autora observa a metamorfose sofrida pelo emprego do termo por parte dos grandes jornais brasileiros. A priori, especialmente na década de 1940, o termo aparecia frequentemente relacionado a um sentido positivo, em um sinônimo de “popular”. Associado ao avanço do interesse acadêmico pelo conceito, o termo foi ao longo dos anos adotado pela imprensa que fazia oposição ao Governo, atribuindo, a partir daí, conotação fortemente pejorativa. A autora argumenta que o uso político do termo populismo na imprensa de referência da época fez com que o conceito perdesse seu conteúdo analítico, transformando a palavra em arma de luta manejada pelos adversários.