Como vencer uma eleição sem sair de casa: a ascensão do populismo digital no Brasil

Neste artigo, a autora Letícia Cesarino apresenta uma análise de grupos de Whatsapp
relacionados ao presidente da República Jair Bolsonaro, durante a campanha de 2018, com
objetivo de avançar na discussão da experiência eleitoral brasileira a partir do conceito de
populismo digital. Para isso, a autora pesquisou durante dez meses grandes grupos públicos
de WhatsApp e redes sociais bolsonaristas. O artigo começa situando o leitor no universo de
pesquisa da autora e a metodologia utilizada. Cesarino explica que a pesquisa foi
fundamentada após um “choque cultural” sofrido por ela em um grupo de Whatsapp da
família, quando um dos membros – de postura aparentemente oposta a de Bolsonaro – revelou
a intenção de votar nele em 2018. A segunda parte do artigo apresenta a literatura de base,
que é a teoria do populismo de Ernesto Laclau e Chantal Mouffe, seguido da terceira parte
que apresenta elementos da teoria antropológica e teorias de sistemas. No decorrer do texto, a
autora apresenta mensagens que eram espalhadas nos grupos e as respectivas análises,
evidenciando como o conteúdo da campanha se estruturou com base em padrões discursivos
descritos pela teoria do populismo. Por fim, a pesquisadora conclui que na campanha de 2018
houve um aumento da diluição das fronteiras que separam a esfera política da esfera da vida
pessoal, aproximando os eleitores do contexto eleitoral por conta da linguagem, das
dinâmicas identitárias e da sociabilidade própria das redes sociais. Ela também concluiu que
os conteúdos geram uma regularidade e consistência dos padrões discursivos do populista e
reconheceu os efeitos da arquitetura digital das mídias sociais, que impactam profundamente
nas visões de mundo dos usuários.