Indicações do Observatório do Populismo

Neste espaço, a equipe do Observatório indica sugestões de livros, artigos e outros materiais relacionados ao escopo temático do projeto. Nos livros e artigos indicados, disponibilizamos, ainda, textos-comentários que servem como uma apresentação crítica da obra.  

Mídia e Populismo

Autora: Liziane Soares Guazina

Tipo: Livro

Ano de lançamento: 2021

Editora: Zouk – Coleção Comunicação e Política

 Texto-comentário

Em Mídia e Populismo, Liziane Guazina oferece ao público uma introdução ao tema do populismo sob um olhar comunicacional, extrapolando a dimensão puramente política do fenômeno. Mostra como a comunicação mediática e as dinâmicas de um ecossistema de media cada vez mais híbrido se configuram como elementos-chave para a compreensão dos populismos do século XXI.

A autora resgata as raízes históricas do fenômeno, apresentando as diferentes perspectivas da literatura internacional na compreensão do populismo, seja como discurso, estratégia de ação e mobilização ou como estilo de comunicação.

Guazina encara a complexa tarefa de mapear as categorias centrais de um conceito que se encontra em permanente disputa dentro e fora dos círculos universitários e avança numa articulação fundamental entre populismo e autoritarismos, essencial para elucidar o populismo na atualidade. Uma contribuição valiosa de divulgação do conhecimento em comunicação e política, voltada ao público em geral, e a todos quantos queiram entender um pouco melhor a nebulosa quadra histórica que atravessamos.

(Texto de Bruno Araújo

Cultural Backlash: Trump, Brexit and Authoritarian Populism

Autores: Pippa Norris e Ronald Inglehart

Tipo: Livro

Ano de lançamento: 2019

Editora: Cambridge University Press

Texto-comentário

Cultural Backlash. Trump, Brexit and Authoritarian Populism surge em um contexto de ascensão de líderes populistas autoritários em muitos países. Tais políticos conseguiram chegar ao poder nos EUA, Áustria, Itália, Holanda, Polônia, Suíça e, também, no Brasil. 

Na tentativa de explicar esse retorno autoritário, situado no contexto dos Estados Unidos e da Europa, o livro formula uma teoria geral sobre por que uma revolução silenciosa nos valores culturais desencadeou o apoio dos eleitores a movimentos autoritários. Os autores destacam os perigos desse movimento para a democracia liberal e o que poderia ser feito para amenizar os riscos.

Norris e Inglehart explicam que o populismo não é algo novo e que já foi experimentado em três ondas sucessivas, com raízes históricas nos cartistas da Grã- Bretanha vitoriana. Da mesma forma, o autoritarismo possui uma longa história, que atingiu o pico durante a era do bolchevismo e do fascismo, e tem ressurgido desde o final do século XX.

(Texto de Franciane Meleu Ferreira)

Populism: A Very Short Introduction 

Autores: Cas Mudde and Cristóbal Rovira Kaltwasser

Tipo: Livro

Ano de lançamento: 2017

Editora: Oxford University Press 

Texto-comentário

Populism: a very short introduction, de autoria de Cas Mudde e Cristóbal Rovira Kaltwasser, publicado em 2017 pela Oxford University Press, contribui para a compreensão do conceito e sobre sua relação, permeada de antagonismos e contestações, com a democracia liberal. Os autores dedicam-se a explicar a abordagem com a qual trabalham, qual seja a ideativa ou ideacional. 

Neste sentido, o populismo é encarado como um discurso, uma ideologia, uma visão. Com o passar dos anos este conceito vem ganhando mais adeptos, especialmente nas ciências sociais, conforme destaca o livro. Aqui, o populismo é uma ideologia tênue, que separa a sociedade em grupos, estabelecendo uma rivalidade entre o que seria o “povo puro” e a “elite corrupta”, elementos que serão explanados mais adiante.

A caracterização do populismo como uma ideologia tênue se dá em razão de não ser centrada ou densa, mas estreita e que precisa quase que a todo momento ser associada a outras ideologias, mesmo que contraditórias entre si, para que ganhe algum corpo. 

O livro dá a possibilidade ao leitor de perceber as nuances possíveis na compreensão do que é o populismo, apresentando uma perspectiva própria sem desmerecer outras, evidenciando a diversidade do conceito.  

(Texto de Safira Campos)

Populismo e Ressentimento em Tempos Neoliberais 

Autor: Éric Fassin 

Tipo: Livro

Ano de lançamento: 2019

Editora: Eduerj 

Texto-comentário

Publicado originalmente em francês pelo cientista político Éric Fassin, “Populismo e Ressentimento em tempos neoliberais” foi traduzido para o Português e publicado pela editora EdUERJ no ano de 2019. O livro apresenta como os líderes populistas do século XXI se valem do sentimento de ressentimento para organizarem suas pautas políticas, ideológicas e discursivas, pendendo o mundo para a extrema-direita. O livro, que é organizado em oito partes, lança seus argumentos a partir de fatos históricos ocorridos nas últimas décadas, em especial na Europa e nos Estados Unidos .

Para o autor, o principal é lutar por um populismo nacional-popular e conseguir recuperar os símbolos patrióticos mobilizados pela extrema-direita que corrompe os seus verdadeiros significados. A questão de fundo, para a esquerda, é construir uma “identidade nacional” e fazer com que as pessoas voltem a interagir politicamente através do antagonismo que demarca os interesses sociais das classes. A reinvenção da esquerda, para Fassin, perpassa não só se opor ao neoliberalismo e ao populismo de direita; mas também construir um projeto emancipatório. 

Por explorar um caminho ainda obscuro em teoria política (os sentimentos), o livro de Éric Fassin nos ajuda a interpretar a política populista de direita a partir dos elementos sociais, antropológicos e culturais que são ativados nos indivíduos encantados pelos líderes. A partir da leitura cuidadosa de intelectuais como Wendy Brown, Judith Butler, Ernesto Laclau e Chantall Mouffe, o livro é um ótimo caminho introdutório para aqueles que buscam conectar em suas experiências de pesquisa os efeitos provocados pelo ressentimento na construção de uma política operada pelo medo, pela insegurança e pelo preconceito.

 (Texto de  João Victor Barbosa Ferreira)